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Como fazer campanha com menos dinheiro

Por várias razões, a época das campanhas eleitorais milionárias chegou ao fim. Mesmo com a aprovação do fundo público para financiar partidos e candidatos, a realidade agora é outra. Com menos recursos disponíveis, políticos e aspirantes a um mandato se perguntam: e agora?

A eleição de 2016 já foi uma experiência de campanhas mais modestas. Produções de TV mais enxutas, menor quantidade de material impresso e investimentos reduzidos nas diversas outras áreas. A lição que ficou, e que será cada vez mais aplicada nas próximas eleições é: menos publicidade e mais comunicação. Significa que a comunicação ao longo dos anos, com o relacionamento conquistado pouco a pouco, será ainda mais fundamental que a propaganda na época de campanha.

Para aqueles que já ocupam cargos, mais do que nunca, o mandato é sua arma principal. Comunicar durante todo o mandato, criar vínculos, manter e ampliar sua base, são atitudes essenciais. Para quem não ocupa um cargo público, a tarefa é mais árdua. Exige planejamento bem anterior às eleições, estratégia e a formação correta da imagem pública.

Para não inflar os custos eleitorais, a pré-campanha deve ser trabalhada de forma inteligente e profissional. Nesse período, por exemplo, é permitido que o candidato faça reuniões, tenha presença em eventos, estampe seu nome e até exponha o desejo de se candidatar. Sendo proibido, no entanto, pedir o voto. As pesquisas também são essenciais para traçar as táticas mais eficientes e assertivas. Adiá-las encarece o custo futuro e prejudica a trajetória almejada.

Como ferramenta de comunicação mais barata, a internet também deve ser aproveitada e ocupada. Contudo, sem a ilusão de que é possível se fazer campanha só pelas redes sociais. Com estratégia, equipe qualificada e uma boa mensagem, a internet possibilita baixo custo no seu principal potencial: a mobilização de militância. Os militantes podem ampliar a mensagem do candidato com a energia que a disputa demandará. Por isso, investir no preparo e organização é fundamental.

Com poucos recursos, se torna mais do que necessário o “corpo a corpo”. A presença física e o contato direto do candidato com os eleitores gera proximidade e diálogo, aspectos vitais para a conquista do voto. Mais do que ouvir promessas e projetos, o eleitor quer ser escutado, perceber que existe alguém que conhece seus problemas e presta atenção aos seus anseios e opiniões.

A possibilidade de arrecadação financeira antes do período eleitoral, aberta pela nova reforma eleitoral, traz seus paradoxos. Diferente dos Estados Unidos, no Brasil não existe a cultura de doações eleitorais. Mas, se há a possibilidade, é algo que deve ser pensado com cuidado. Numa fase de verbas escassas, todo auxílio é importante. É necessário que as campanhas reflitam formas inovadoras de atrair o eleitor que possa fazer doações. Porém, mais do que a transferência de recurso, a doação deve inseri-lo na campanha, fazendo-o sentir parte de um ideal maior.

Ponto crucial é o investimento no trabalho de marketing profissional. O senso comum projeta algo que encarece, mas a verdade é que, ao propor soluções adequadas conforme o perfil do candidato e o escopo da campanha, os recursos são otimizados, fazendo com que com as verbas, ainda que escassas, sejam investidas nas áreas certas, sem desperdício e com resultados mensuráveis. A comunicação bem feita aliada a um planejamento profissional é o único caminho de quem deseja a vitória.

Por Emílio de Sá

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