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A eleição da mudança que nada muda

Observando campanhas em todo o Brasil, é possível afirmar que nunca se viu tantos slogans de mudança. Mudança certa, Mudança segura, Mudança com seriedade, Mudança com responsabilidade, A mudança começou, A mudança chegou… A verdadeira mudança.

Como se baseiam em pesquisas, percebe-se o clamor popular por algo diferente que surge em todas as qualitativas e Focus Group pelo país afora. O que os políticos e muitos “marqueteiros” não entendem é que não basta prometer bacalhau pelo simples fato da pesquisa mostrar que o povo quer bacalhau. Afinal, o que é mudança?

Alguns acham que mudança é votar no partido de oposição, mesmo que esse partido já tenha governado no passado. Outros acham que mudança é o partido que está no poder lançar uma “cara nova”, alguém que sempre esteve nos bastidores, mas, que o eleitor não conheça. Muitos filhos de coronéis já foram lançados como “a renovação”. Ainda existem aqueles que acreditam que devem votar num partido que nunca governou para ver no que dá. Mas o que poucos entendem é que a mudança tanto pedida e pouco compreendida é de atitude. E isso não se resolve com um simples slogan.

Ninguém entende porque criminosos recebem penas brandas, ou porque 90% são a favor da redução da maioridade penal e nada acontece. Muitos políticos ficam fechados em Brasília discursando sobre as “causas sociais” por trás da criminalidade e nem percebem que estão repetindo o mesmo discurso há 50 anos, sem nenhuma mudança.

Ninguém entendeu a tal “lei da palmada” confundindo correção com espancamento, criando uma geração de mimados. Os pais se perguntam por que seus filhos não aprendem. E porque tantos candidatos prometem acabar com a aprovação automática e nenhum cumpre depois de eleito. Não entendem porque seus filhos dançam funk na sala de aula e gravam sexo no banheiro.

Diante dessa legião de promessas de mudança, cantadas em slogans e jingles pelo Brasil afora, o eleitor ainda não tem onde se apegar. Os candidatos correm até o risco dessas campanhas se voltarem contra eles à medida que o eleitorado fique saturado de tanto discurso de mudança, acabando por deduzir que não passa de demagogia. O eleitor está mudando, os políticos continuam os mesmos.

Por Uirá Ramos

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